Morpheus



O poeta vem, sempre notívago, sempre em desgosto, visitar o porão oco, que é o corpo, e traz consigo suas parafernálias tecnológicas, tão adiantadas, que ininteligíveis para nós; e aperta os botões, antes na quarentena, ligando e estendendo as antenas que captam as almas de arriós.

Seu bisturi, de gume afiado, lacera, perfura, o porão errado. E o corpo, antes aliado, traduz cada gota do sangue derramado em letras e vírgulas e regionalismos. E a alma rugosa, tosca, pedra bruta, contorce, desdobra contos da luz da lua velados nos altos abismos.

Mas o corpo, sem o poeta, deita na pedra do sono. E esfacelado pela dor e vazio, de novo invoca o poeta com a mão no carbono.
  

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Éam?!?

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