Someone's Music Echo
Deixou-na ao som de sua música favorita e partiu.
Prendendo a respiração, ela ouviu o som dos passos do salto quadrado da bota e do couro da jaqueta sibilando. Contou os 4 segundos que a porta da casa levava para abrir e ranger, fechando. Suspirou.
Via, da janela, meio de soslaio, à sombra da cortina, quando entrou no carro. Ainda presa a ela, sentiu o corpo vibrar quando ligou o carro, como se estivesse no carona.
E por força do hábito e do vislumbre, tirou os sapatos para esticar os pés sobre o painel. Olhou para baixo e vendo o piso que escolheram juntas noutrora, chorou. Chorou sem poder levantar a cabeça, pesada.
Sentiu no peito a dor se transformando lenta e intensamente em um riso incontrolável, insano! Conforme a música caminhava para o refrão, louca e despindo-se, teve a impressão de uma agulha tatuando em seu peito cada letra.
Achou-se patética pois sempre a criticava por aquela letra pouca, superficial. Mas agora tinha a melodia gravada, como se fosse dela.
Lembrou-se de Wilde, a quem tanto mencionou. Como uma profecia, percebia que não era mais dona de si; que "suas qualidades não eram verdadeiras". Refletiu sobre a imoralidade da influência, e chegou à conclusão de que aquela tatuagem lhe daria coragem de prosseguir.
Com o sabor da vaidade na boca e o suco espesso da vingança a escorrer, decidiu passar adiante este exercício empolgante: ser ela mesma e a outros corromper.
Via, da janela, meio de soslaio, à sombra da cortina, quando entrou no carro. Ainda presa a ela, sentiu o corpo vibrar quando ligou o carro, como se estivesse no carona.
E por força do hábito e do vislumbre, tirou os sapatos para esticar os pés sobre o painel. Olhou para baixo e vendo o piso que escolheram juntas noutrora, chorou. Chorou sem poder levantar a cabeça, pesada.
Sentiu no peito a dor se transformando lenta e intensamente em um riso incontrolável, insano! Conforme a música caminhava para o refrão, louca e despindo-se, teve a impressão de uma agulha tatuando em seu peito cada letra.
Achou-se patética pois sempre a criticava por aquela letra pouca, superficial. Mas agora tinha a melodia gravada, como se fosse dela.
Lembrou-se de Wilde, a quem tanto mencionou. Como uma profecia, percebia que não era mais dona de si; que "suas qualidades não eram verdadeiras". Refletiu sobre a imoralidade da influência, e chegou à conclusão de que aquela tatuagem lhe daria coragem de prosseguir.
Com o sabor da vaidade na boca e o suco espesso da vingança a escorrer, decidiu passar adiante este exercício empolgante: ser ela mesma e a outros corromper.
Muito foda!! Curti demais, você que escreveu? Se não, onde é que vc arruma esses textos?
ResponderExcluirEsses textos eu garimpo no porão da minha mente... depois de alguns anos acompanhada do Lítio e da literatura, algo fermentado sempre surge!
ResponderExcluirsua expressividade é forte Tabita! ler seu texto é ver imagens de cores suaves, luzes e escuros contrastantes... é gostoso voltar ao início do texto e olhar curiosamente pela janela, através da cortina, nos sentimos dentro da história. gostei muito!! ;)
ResponderExcluirMeiga, doce Yuna! A verdade é que as palavras são verdadeiras torres em porões. E quando as descobrimos, um mundo de possibilidades se descortina perantes nossos olhos.
ResponderExcluirA vc peço que volte sempre. As luzes de outras torres, misturadas às nossas, sempre dão um tom novo!