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Guardamos nosso leito ainda com a rainha boiando, redonda e amarela, no céu; batemos o monjolo no pilão diariamente e colhemos nosso pão sob sangue, suor e melodias obstinadas na mente; demos de comer aos nossos e aos filhos de outros ventres.

E vimos nossos irmãos dormirem no campo enquanto debulhávamos o trigo; ouvimos nossos irmãos blasfemarem sobre o arado; sentimos nossos irmãos em outras freqüências.

Choramos por eles, sofremos por nós. Lamentamos por ver retroceder tão belos intentos. Com olhos ensandecidos entrevimos a sabedoria ressumar, gasosa, entre as nuvens.

Então eis que se juntaram a nós os completos. Sem corpos, envolveram-se conosco enobrecendo-nos. Suas mentes, inabaláveis e inacessíveis, descortinaram-se a nós como fenda de luz no céu. Os que foram agora estavam entre nós, e Aquilo que É em nós se fez. Nossas armaduras pousaram e nosso coração seguiu no mesmo ritmo das asas que agora tínhamos.

Mas ainda guardamos nosso leito. Ainda colocamos nossa mão no arado, sem olhar pra trás.

Comentários

  1. "Belo" é insuficiente para descrever. Deus textos sempre intrincados e misteriosos.

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  2. Fé e imaginação, meu caro. É a fórmula da mágica que tento viver cotidianamente. É quase uma loucura, mas é uma busca, tb!

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Éam?!?

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