Seresta

Meu coração é como o clima paulistano,
num mesmo dia sou inverno e sou outono
com essa presença do seu vulto inoportuno.


E em meu peito tempestuo amargurada
conversas quentes sob a chuva na vidraça,
ruídos surdos de um silêncio em badalada. 


Na longa noite imediata dos meus olhos
chuvilham pílulas nocebas demulcentes,
fulguram pintas semifusas emergentes.
 

Mas tu, que fazes nas notas dessa gaita?
Por que visitas a modinha já entoada?  

Deixa que os raios do verão ressequem a fenda.
Mesmo que tenha em tua mente sempre a certeza
de entre tantos seres o dono da aposta,

a fratura não exposta.
 

Leva os teus sinais que a saudade dói como um barco
cujas águas não deixam rastro
e o destino segue as sortes do acaso.
  






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Éam?!?

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