Estação Tietê

Nosso amor terminou como deve terminar todo amor inesquecível: breve, intenso e inconformado. E com o que dele não houve, também erros e defeitos não vão alvorecer. 

Não se sobrepõem sobre ele toda a beleza de um amor impossível. Não prospera o repertório requerido para enfrentar a genialidade do amor amanhecido. A robustez fermentada para transar a brutalidade de uma vida combinada.

Eu me lembro bem da carta que não enviei. Foi na estação Tietê que eu nunca disse sim. E achei que era liberdade o que estavam me dando, mas era só um passeio guiado de gaiola. Eu vi o mundo de soslaio, num ombro de pirata, com as mãos atadas a uma argola. 

Mas a minha jovem esperança, escrita em folha de realejo, raiou numa noite de verão. A sorte em forma de gente, ritmo e verdade soprou leve e destinada a alumiar minha escuridão. Foi o tempo que choveu e secou, e eu não esqueço do poeta que me disse pra não florir antes da hora. 

É que fé cega, faca amolada não custam nada a quem chorou um remanso de solidão. E a você eu deixo a imagem da nuvem que passa, do barco que vaga, da suposição.   





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Éam?!?

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