A pedra

Foto: Joaquim Neto (IPHAN).
Parque Nacional da Serra da Capivara, PI, Brasil.

A pedra não teme o tempo

Desgasta-se devagar no vento

De dureza se faz seu dentro

Mas molhada, de mar ou rio barrento

Não nega se tornar do acaso um invento.

A pedra não tem esperança

Quando se faz de abrigo a uma criança

Ou palco para a bailarina e sua dança

De pintura a ferramenta, a humanidade avança

E a pedra a tudo assiste, sem fazer cobrança.

A pedra não intentará nada

Arte, esoterismo, arma, nem morada

Da grandiosidade de suas chapadas

Vendo devorar-mo-nos em insana cruzada

Guardará plasmados gemas, ossos, terço, estrada

Para um dia dar à luz nossas arcadas.

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*Este poema foi publicado na antologia "Brasilidades Poéticas", da Editora Mente Aberta.