A menina que devia ficar nas nuvens

Tanta expectativa logo arrefeceu quando o espetáculo começou. A menina das nuvens, de Villa-Lobos, é uma daquelas obras que se pode chamar "específicas". Eu gosto deste termo para definir leituras ou músicas excêntricas. E aí outro eufemismo. A verdade é que ele mesmo, quando a compôs, a definiu como "aventura musical". Acho que, desta forma, se resguardou das críticas.
O cenário era fabuloso, composto por nuvens e luas móveis onde os cantores, às vezes, sentavam-se e eram levados - e por falar nos cantores, muito competentes e experientes! -; a Orquestra Sinfônica Municipal, o coral e o maestro, Roberto Duarte, também conhecidos do público, fizeram um belo acompanhamento, que infelizmente não conseguiu salvar o espetáculo. Eles tentaram, pobrezinhos. Mas não rolou.
A apresentação se arrastou, acredito que por conta da musicalidade "excêntrica" e desencontrada entre a harmonia da orquestra e a melodia das vozes. Os cantores atuaram muito bem, mas o segundo ato conseguiu a participação do público, com seus "Zzzzz´s" quase em uníssono.
Para salvar, e ainda bem que no último ato, o diálogo - diálogo! outra chatice cansativa da aventura musical do Villa - entre a Menina Cacilda e a Lua foi muito rico musicalmente e visualmente. As pessoas acordaram.
E para finalizar, o trecho que deveria, ou poderia, se quisesse, sensibilizar o público apelando para o senso comum, não convenceu ninguém. Quando a Menina e o Príncipe se encontram, há tanto romance quanto entre Jennifer Aniston e Aaron Eckhart no filme "Love Happens" - depois de 109 minutos, "happens" um beijo, selinho!
Se a minha opinião for muito pedinte de justificativas técnicas, taí a do Nassif.
E se você quiser arriscar, recomendo comprar no auditório. Assim você não se arrepende de ter gastando tanto por tão pouco...
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Éam?!?